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segunda-feira, 7 de março de 2011

Uso de hormônio de crescimento após cirurgia bariátrica


obesidade-morbida
Nestes últimos dez anos o número de cirurgias destinadas a diminuir o conteúdo gástrico, com ou sem alteração do trajeto do intestino, aumentou dramaticamente. Criou-se a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica para ordenar, coordenar e veicular dados científicos, alertar colegas a se capacitarem antes de iniciar este ramo da cirurgia abdominal, com intenso treinamento na videolaparoscopia (operações realizadas sem incisão abdominal) e, principalmente, alertar a população de obesos a escolher, com cautela e discernimento, a equipe médica que irá realizar a modificação gastro-intestinal.
No Brasil cerca de 65-70% das cirurgias bariátricas são do tipo Y-de-Roux – o estomago é reduzido a um pequeno volume (cerca de 20 a 30 centímetros cúbicos) e a alça intestinal chamada de jejuno une-se à pequena bolsa gástrica. Desta forma, após a cirurgia, o alimento deve ser ingerido em pequenas porções, pois a nova configuração do estômago não suporta muita comida sólida. Os especialistas em cirurgia bariátrica e nutricionistas com experiência no pós-operatório recomendam uma dieta líquida – pastosa para não forçar a pequena bolsa gástrica.
A perda de peso é rápida (cerca de 6 – 8 kg por mês). Pouca energia ingerida leva à queima do excesso de gordura acumulado. A situação seria ideal se não houvesse, simultaneamente, perda pequena, mas constante de massa magra – musculatura. Além disso, este tipo de cirurgia é também considerada disabsortiva, ou seja, ela leva a contínua e constante espoliação de vários macro e micro-nutrientes que devem ser repostos para não afetar a saúde do paciente.
O sistema relacionado a hormônio de crescimento
O hormônio de crescimento (GH = growth hormone) é o agente hormonal que na infância e adolescência promove o crescimento infanto-juvenil. Age diretamente nas cartilagens de ossos longos induzindo aumento destes ossos e, igualmente, promove no fígado, a geração de outro fator de crescimento chamado de IGF-1. Este, por sua vez, é parceiro do GH no ato de promover crescimento ósseo e outras ações metabólicas.
Atualmente, quando se fala de ações do GH estamos indicando ações metabólicas do dueto GH e IGF-1. Ambos têm intensa ação anabólica: promovem queima de gordura e poupam eventual utilização de material nobre como músculo.
Os obesos de grande porte (IMC = 40) já são considerados como funcionalmente deficientes na produção de GH/IGF-1. Depois de considerável perda de peso, a produção de GH volta a níveis normais na maioria dos pacientes obesos. É importante saber que logo após a intervenção bariátrica o obeso está com baixa secreção de GH/IGF-1. Assim, existe a possibilidade de, além de queimar gordura o corpo queime igualmente a massa magra.
Em estudo realizado em obesos mórbidos submetidos à cirurgia bariátrica notou-se que cerca de 20% ainda estavam com secreção baixa de GH/IGF-1 decorridos seis meses da data da cirurgia, independentemente da perda ponderal.
Tratamento de obesos operados com GH

Um grupo de médicos endocrinologistas associados a cirurgiões bariátricos iniciou projeto no qual mulheres obesas (IMC =  44,4) apresentavam moderada deficiência de GH, comprovada por testes específicos. As pacientes foram divididas em dois grupos:
- Grupo A (12 mulheres) que após a cirurgia bariátrica passaram a receber injeções diárias de GH em dose relativamente baixa (0,5 mg diariamente), além de serem instruídas a seguir dieta apropriada e realizarem exercícios aeróbicos leves.
 - Grupo B (12 mulheres) que após a cirurgia apenas receberam instruções para dieta e exercícios (não foram medicadas com GH).
Ao fim de 3 meses – e em nova avaliação depois de 6 meses – notou-se que o Grupo A (com GH) havia perdido cerca de 41% do peso inicial enquanto o Grupo B perdeu 32% do peso inicial. No entanto, o emagrecimento caracterizou-se por uma perda significantemente MENOR de Massa Muscular nas pacientes com tratamento com GH.
Em outras palavras, a terapêutica com hormônio de crescimento fez com que as pacientes poupassem os tecidos nobres (como músculo) do processo de queima favorecendo o uso de gordura como fonte principal de material energético.
 Além disso, vários parâmetros metabólicos foram significantemente melhores nas pacientes que tomaram GH: a resistência à insulina decresceu, colesterol melhorou, IGF-1 se elevou, houve decréscimo de cansaço, fadiga, notou-se maior disposição para realizar exercícios. Serão necessários maiores estudos a respeito, mas este trabalho revela um uso terapêutico de GH altamente promissor para o obeso após cirurgia bariátrica.
Fonte: veja.abril.com.br

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